segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Minha querida avó ...

... estava eu, a ver o Factor X, e fui-me apercebendo que a maioria dos jovens ou grande parte deles,  tinham como referência, para além de um dos pais ou até de ambos, a avó.
 
Entre musicas que ia ouvindo, a ideia da minha avó, da minha querida avó, não me saía da cabeça.
 
Todos nós temos avós e avôs. Podemos ter a sorte de os conhecer; a infelicidade de não os termos sequer conhecido; a felicidade de nos ficarem como boas referências e recordações e a felicidade suprema de nos acompanharem nesta vida fora, com tudo aquilo que representam para nós. Com a força de todo o legado que nos vão deixando.
 
Eu tive a sorte de conhecer 3 dos meus 4 avós/avôs. Tive a infelicidade de não conhecer o meu avô paterno. Mas tive a felicidade de puder contar com uma avó que é, para mim, mais do que uma mera recordação de criança.
 
A minha querida avó, morreu quando eu tinha apenas 6 anos. Era Agosto e eu estava de férias no Algarve. Lembro-me bem do momento em que me deram a noticia, ainda cedo de manhã, e do vazio que senti e que ainda hoje teme em cá andar.

Infelizmente sofria de uma doença que não lhe permitiu ver-me crescer e que, principalmente, não me permitiu crescer com ela ao meu lado, tal qual como sempre fazia, até àquele dia. E exatamente por ter essa doença, e de ser tudo tão expectável e previsivel, tive a oportunidade de me despedir dela, sem eu mesma saber que me estava verdadeiramente a despedir. Se soubesse acho que ainda hoje lá estaria com os meus braços à volta do seu pescoço, naquele dia, na sua salinha e sentada no seu sofá.
 
É engraçado como tendo eu só 6 anos, me é tão fácil recordá-la. Sempre que fecho os meus olhos a vejo e sinto como se fosse "ontem". Vejo as expressões; o sorriso; as rugas que lhe percorriam a pele; o ar frágil que lhe era característico; a cor do seu cabelo, preso por uma rede castanha; os sapatos especiais que lhe permitiam movimentar-se e aquele olhar e sorriso que me enchiam a alma! Sinto o seu cheiro e a força dos seus abraços, abraços que me fazem uma falta tremenda, ainda hoje e sempre.
 
Mas sobretudo sinto aquele amor incondicional que tinha por mim, funcionando como o meu porto de abrigo, para onde eu fugia sempre que qualquer coisa não estaria bem. E fugi tantas vezes ...
É essa tranquilidade; essa força; essa proteção; esse amor de que sinto tanta falta, passados já tantos e tantos anos.
 
Obviamente que tenho alturas que a recordo mais do que outras. E hoje foi uma delas. E sei que amahã terei mais, muito mais ...
 
Como neta consegui fazer pouco por ela. Acho que do pouco que fiz, posso referir a companhia que lhe fazia, os mimos que lhe dáva; o cuidado que demonstrava; a vontade que tinha para estar com ela; o meu olhar que, quando bem compreendido, dizia muito; o amor incondicional que tinha e tenho por ela e a vontade de ser Deus para a manter por aqui ao pé de mim, sempre e para sempre ...
 
Hoje adulta, acreditando que de alguma forma ela ainda está por aqui (e como acredito, meu Deus), das melhores dádivas que lhe posso dar é a gratidão por tudo o que fez por mim, de forma a que, passados tantos anos após a sua morte, eu a consiga recordar tal e qual como se fosse ontem. E que apesar de ter crescido e da vida me ir ensinando a caminhar para a frente, sinto ainda e tremendamente a sua falta. Preciso dela tanto ou mais, do que quando tinha apenas 6 anos.
 
Para ti minha querida avó ... que algures por aí, ainda me vais dando colo!
 

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