terça-feira, 30 de abril de 2013

Li e gostei ...

" A esperança é um empréstimo que se pede à Felicidade..."

(Joseph Joubert)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Desabafo ...

... parece mais um, igual a tantos outros, mas não é!
 
Hoje acordei a pensar nisto. No duche as ideias corriam como água. De repente, senti-me assolada por uma data de imagens e de ideias e conceitos estranhos. No fundo, tive a sensação amarga que nada do que andava a fazer batia certo e que tinha de dar uma volta de 180º á minha vida. Senti que tenho de acalmar. Que tenho, pelo menos uma vez na vida, de andar com os pés no chão. 
 
 Sempre me considerei uma sonhadora nata. Aliás, sempre me consideraram uma sonhadora nata! Inconsciente até! Lembro-me da minha família estar continuamente a referir-se às "minhas coisas" como "lá está ela a sonhar"!!!! Lá vai ela "bater com a cabeça mais uma vez"!

Ainda hoje o meu Pai diz que eu "não cresço"...
 
Sempre sonhei muito. Desde que existo me lembro de sonhar. O problema não é só o sonhar! São as expetativas enormes em tudo aquilo em que acredito ou quero acreditar. Quer seja a olhar para o "meu futuro"; quer fosse na escola; quer seja nas amizades; nas cores clubisticas; nos desportos que praticava e pratico; nas (poucas) relações que tive; nos ideais de vida que traçava e que ainda hoje traço. Sonhava e sonho sempre muito. Criava e crio, sempre, expetativas enormes.
 
O facto é que criando e vivendo com níveis de sonho e expetativas tão elevados, as quedas e as "moças" são enormes.
 
Sempre vivi as coisas a 1000. O meu Pai sempre disse que eu não tinha meio termo. Ou é tudo ou não é nada. E começo a olhar para trás e a achar que ele afinal até tinha razão.
 
Vejo sempre as expetativas e os sonhos como objetivos que quero atingir. Como metas importantes para mim. Porque acho que mereço coisas muito boas. Porque acho que a vida nem sempre foi muito generosa comigo e que, por isso, um dia iria sê-lo. E preciso, ou precisava, de acreditar nisto. Intensamente.

É caracterial esta minha forma de viver. Normalmente dou tudo. Dou normalmente aquilo que tenho e o que não tenho. Vou ao céu e roubo a lua se sentir e acreditar que o tenho de fazer.
 
Esta história da Maratona é mais um exemplo disso. Achei que 10 ou 21 Km não eram suficientes. Achei que o meu sonho seriam os 42Km. E que iria consegui-lo. No matter what! Dediquei-me, quase afincadamente, aos planos de treinos. 480 Km a correr desde Dezembro. Muitas horas a correr. O corpo lá me foi dando avisos que, afinal, isto poderia não ser para mim. Primeiro foi a lesão no dedo do pé. 3 semanas parada. A seguir a lesão no joelho. Nesta só parei na última. E mesmo assim ... insisti em ir a Madrid porque, inacreditavelmente, ainda achava que seria capaz. Quando, quase toda a gente à minha volta (I foste das poucas a ser tão sonhadora quanto eu) me dizia que era uma loucura. E mais uma vez provou-se que ... era uma loucura! E isto demonstra a pessoa que sou. Só acreditei que não seria capaz quando, fisicamente, o corpo não deixou. Porque a minha cabecinha e coração continuavam a dizer You Can Do It !
 
Quando há n sinais que me vão demonstrando que não vale a pena insistir em certas coisas, eu acho que lá no fundo não é bem assim. E lá vou insistindo. A achar que "os outros" é que estão errados. E sonho muito e tenho expetativas altas. E depois a frustração é tremenda e fico sem chão! E a sensação que tenho é que vivo sempre neste registo. E que já estou farta de fazê-lo!
 
E quando choro porque aos 3 Km tenho que sair da Maratona, sinto que ninguém percebe isto. Ou se fico tão triste e em baixo, vejo que à minha volta acham que é um disparate. A vida continua! Há outras Maratonas! Há problemas bem piores que esse (há pois há, não tenho a miníma dúvida, eu que que o diga ...)
 
O problema é que ninguém entende que não é só, e apenas só, a Maratona! Não são os 42 Km. Não é um capricho de quem tem agora 40 anos. São as expetativas que criei e que crio em tudo aquilo que faço.  São os objetivos a que me proponho, para não me contentar com aquilo que acho "pouco" para mim. É um desejo infindável de acreditar que eu posso e que consigo ter aquilo a que me dedico e que tanto desejo, de corpo e alma. Ter aquilo que acho que mereço. É a prova que, afinal comigo, os sonhos também se realizam! Não são os 42 Km! É aquilo que esses 42Km representam.
 
E quem fala na Maratona fala em tantas outras coisas. Fala em projetos profissionais; em projetos pessoais; em amizades; em família; em viagens; em relações ... E é aí que está o cerne de tudo isto. Não são os 42Km ... não sou assim tão tolinha que fique angustiada porque não consegui correr 42Km no dia 28 de Abril de 2013. Como se fartaram de me dizer, há mais Maratonas. Pois há. E para mim não há Maratona mais importante que aquela que faço diariamente desde 1971: a minha  vida!

E chego a esta altura e sinto-me cansada de criar e viver sempre com elevadas expetativas. Há coisas na vida que, por muito que eu queira, não são para mim. Por muito que eu lute e sonhe, possivelmente nunca irei chegar lá. Porque realmente aquilo que, de facto, a vida tem para nós cá nos chegará. Por muito que gostemos ou não! e temos de aprender a aceitar e viver com isso!
 
Tenho de aceitar, de forma tranquila, aquilo que me está destinado. Aquilo que, por direito, é ou será meu. E há alturas em que temos de saber desistir de sonhos; de idealismos e de conquistas. Temos de aprender a ser inteligentes e perceber os sinais. Quer estes nos sejam dados pelo corpo; por uma amiga; pelos mais velhos e experientes; pela nossa "razão" ou mesmo pela propria vida!

E tenho de aprender a viver assim. Não sei é se estarei, a esta altura do campeonato, a sonhar também demasiadamente alto ...

A vida mo dirá! Eu só espero saber conseguir ouvir!

domingo, 28 de abril de 2013

Moments ...


 
 
... a corrida mais curta que fiz!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sabor amargo ...

... é já amanhã que rumo a Madrid onde, supostamente, no Domingo, iria concretizar um sonho antigo.
 
Sonho que passou a quase realidade, após um impulso de entusiasmo que me deu, a mim e à I, no início de Dezembro.
 
A partir daí foram 4 meses de treino.
 
Foram muitos dias de corrida (19 semanas de treino); muitos Km feitos (481 km); algumas lágrimas no meio (acreditem que choro quando corro muito); alguns sacrifícios; algumas contrariedades (uma lesão na articulação do dedo do pé provocada por esforço); uns ténis novos e lindos; muita chuva e vento na cara e, sempre que ultrapassava um recorde (ou de tempo ou de Km), uma sensação imensa de felicidade e de dever cumprido que, só quem corre sabe perceber o que é.
 
Amanhã rumo a Madrid mas para estar nos "bastidores" da Maratona.
 
Esta semana tive o NÃO final do Médico. Não corre Domingo nem tão depressa (diga-se que foi um doce na forma como me informou). Uma noticia que recebi de uma forma tão brusca e direta que, por momentos, me tirou o chão.
 
Amanhã lá vou eu rumar a Madrid, com um amargo na boca e uma angustia na alma, que me acompanha desde 4ª feira última, e que tem vindo a piorar à medida que se aproxima a data da Maratona.
 
Amanhã irei buscar a minha t-shirt e o meu dorsal.
 
Ainda não sei se, mesmo assim, com tanta proibição, me aventuro a correr até dar ... até o joelho não deixar mais, ou se me limito apenas a acompanhar a minha lebre, a minha I a partir do Km 30-32. Aquele Km onde dizem que "o pior vai começar". E é aí que se precisa de ajuda. Nem que seja apenas a encorajar... porque basicamente só faltam 12-10Km.
 
Sei que vou passar a meta. Não sei em que estado (posso imaginar ...) nem com quantos Km em cima (42 não vão ser seguramente). Imagino a sensação que vou ter. Imagino que vai ser uma sensação diferente de todas as outras que tive, após passar uma meta.
 
Sei que um dia, há uns anitos atrás, comecei com 2km ... não sei se um dia chegarei aos 42!
 
 

Iria ser assim ...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Há coisas que realmente me chocam ...

... e ataques terroristas e imagens destas e histórias de crianças de 8 anos que morreram, depois de terem ido dar um abraço de Parabéns ao Pai, quando este passou a meta, são exemplo disso.
 
 
São milhares e milhões de pessoas inocentes que já morreram à conta da agressividade dos outros. De puros atos de terrorismo, de pura maldade...
 
Os outros que, normalmente, ficam impunes ou que acabam por conduzir a mais atos de violência e a mais umas quantas mortes...normalmente de gente inocente.
 
Gente como eu e como tantos outros, que já passaram umas quantas vezes por metas "parecidas" com a de Boston. Apenas com o intuito de participar; de vencer mais um obstáculo. Apenas pelo prazer de correr. Apenas pelo prazer de passar uma meta. Com mais ou menos significado; com mais ou menos emoção ... são momentos únicos.
 
E normalmente está sempre lá alguém à nossa espera. Um filho, um amigo, um pai ou uma mãe, companheiros e amigos de corrida que chegaram momentos antes. Pessoas que nos aplaudem, nos sorriem e normalmente nos saúdam com um abraço apertado.
 
E normalmente ficamos ali, por uns momentos a desfrutar de tudo aquilo. A respirar mais lentamente. A saborear cada inspiração. A saborear cada descarga de adrenalina. A sentir o repousar dos músculos. A sentir intensamente a emoção de o termos conseguido...mais uma vez! A sentir a nossa alma a crescer ...
 
Daqui a 15 dias estarei em Madrid, para uma 1ª Maratona que me preparei e que para a qual, infelizmente, o corpo não me deixa participar. Mas estão lá amigos muito queridos. Vão lá estar crianças. Crianças que não são minhas mas que fazem parte da minha vida. Pais que não são meus mas que também me são muito queridos.
 
Está lá a minha "lebre"! A minha mana de coração. A minha 3ª e 4ª perna da corrida.
 
Não vou possivelmente correr a Maratona. Mas os últimos 10Km estarei ao lado dela. A correr ou a andar. O que for. Porque esta seria a nossa 1ª Maratona. E irei passar a meta com ela. Como fizemos na nossa 1ª Meia-maratona. E quando passarmos a meta, não quero explosões! Não quero mortes nem feridos. Não quero gritos, nem medos, nem nada ... quero apenas desfrutar desse momento, da única maneira que sei! A sorrir!!!!