sexta-feira, 29 de agosto de 2014

... e é assim ...

Há alturas na vida que temos de nos munir de uma coragem tremenda, para tomar decisões que sabemos que nos vão marcar para o resto da vida. Que nos vão trazer um sofrimento tremendo que vai custar a passar. Que possivelmente que tudo aquilo que tivemos, sentimos  e vivemos durante o nosso tempo, não irei viver nem sentir com mais ninguém. A dor de me aperceber que, possivelmente, tudo é finito corrói-me por dentro.

Possivelmente as decisões que mais nos custam são aquelas que menos desejamos. Apenas cheguei a uma altura em que sinto que nada faz sentido. Sinto-me cansada, deslocada, enganada. Sinto que deixei de ser aquilo que outrora fui para essa pessoa. Sei que estava a remar contra a maré, sozinha, onde a força da corrente e a ondulação que atravessava me estavam continuamente a puxar para baixo e a afogar-me de forma lenta. Onde, no fundo, sei que por muito que faça ou por muito que deseje, já não posso fazer muito mais. E há alturas em que temos de sair. Não desistir, mas saber que chegou a nossa hora.

Sei que as relações se fazem a 2. Sei que possivelmente há sempre uma parte que dá mais que a outra. Há sempre algum tipo de desequilíbrio que tende sempre para o lado mais forte. Sei que normalmente sou a pessoa que dou mais. Porque sou assim. Porque quando Amo dou tudo o que posso e não posso. É a minha natureza.

Por muito que me custe, por muito que Ame (e Deus como Amo esta pessoa), por vezes temos de largar aquilo ou aquele que sabemos que não é nosso e que, possivelmente, nunca o foi.

Não quero olhar para isto como uma desistência. Apenas sei que tenho algum amor-próprio (ainda) que me faz deixar ir uma pessoa que nunca foi minha e que sei e sinto, no toque, no olhar, nas palavras, na vivência e sobretudo cá dentro, na minha alma, que, neste momento, não o é tão pouco.

Não posso continuar a sonhar com um futuro que sei que não vai acontecer. Não posso continuar a viver para alguém que no fundo deseja ir, deseja que eu o deixe seguir o seu rumo, a sua vida (na qual eu decididamente não tenho lugar) e que só não o faz por pena, por falta de coragem ou por qualquer coisa assim.

E é aqui, nestes momentos, em que sabemos que tentámos tudo mas que a vontade e o desejo não são mútuos, que temos de ter coragem, sair da nossa zona de conforto (ou de desconforto) e tomar a tal decisão que nunca quisemos. Temos que  ter algum amor próprio e respeito por aquilo que somos. Estava a falhar redondamente nessa parte. E se há pessoa que não pode falhar comigo, sou eu própria, mais ninguém!

Sempre ouvir dizer que o que tem de ser nosso um dia será. Não acredito muito nisso. Neste caso então ... no way! Aquilo que eu sei é que, segundo os meus princípios morais e a minha consciência e no fundo, tendo em consideração a pessoa que sou, a minha essência, não posso insistir nem me posso manter num lugar que sei que não é o meu! Que nunca foi e que possivelmente nunca será!


E é assim que te deixo ir … a ti Amor da minha vida!

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Lições de vida ...

… é isto que andamos cá a fazer. Aprender constantemente. De maneiras diferentes. Umas aprazíveis outras com dor, sofrimento e lágrimas.

E a vida vai-nos mostrando que as coisas nunca são como pensamos ou até como desejaríamos. A vida vai acontecendo como tem de acontecer.

Chamo destino? Não sei. Não faço ideia. Já achei que sim. Já acreditei que as coisas acontecem porque têm de acontecer. Porque há algo que estará à nossa espera … nem que seja mais uma amarga lição de vida. Para nos tornarmos mais fortes. Para nos tornarmos mais sábios, menos parvos, mais sobreviventes.

Acho que sempre fui uma romântica sonhadora. A vida vai tentando encaminhar-me para outras bandas, género deixa lá o romantismo. Não esperes, não tenhas expetativas, não dês demais, não dês em excesso. Defende-te miúda!!!!!!

Mas a nossa natureza vai fazendo ao contrário. E a maturidade, aquela que deveríamos conquistar com o aumento da nossa idade cronológica e com a experiência que a vida nos vai dando, deveria moldar-nos de forma a tornarmo-nos mais adequadas ao estado de hoje. Aos valores de hoje. À natureza humana de hoje.

Por vezes acho que isso, em mim, será quase impossível. Mas por outro lado, quando caímos e não temos ninguém sem ser nós próprios para nos dar a mão e levantar, acabamos por, mesmo não querendo, tornarmo-nos mais rijos.

Lembro-me que uma psicóloga uma vez me disse que eu era muito mais forte do que pensava. Que isto de ser a filha do meio nos dá capacidade de, desde pequeno, lutarmos por nós próprios, sozinhos, porque os outros estão demasiadamente ocupados a cuidar dos outros. Os das pontas. E essa experiência ninguém me tira.

E hoje olho para trás e meu Deus o que já batalhei sozinha. A coragem que tive de ter para me aguentar quando ouvia uma mãe a dizer-me que não me queria, quando perdi um bebé e quase morri por isso (e passados 2 dias já estava a trabalhar), quando tive que fechar uma porta de 16 anos por me ter cansado de dar e não receber à medida e por ter sido “enganada” ou profissionalmente quando me faço e desfaço para conseguir ter um lugar justo e meritório.

E tudo isto deveria ter-me dado arcaboiço para eu ser senhora do meu nariz, decidida, fria, egoísta quiçá, lutadora, assertiva, confiante e no final uma vencedora.

Hoje acho que não aproveitei estas ferramentas e armas que a vida me foi oferecendo para eu sobreviver. A vida lá sabe porque em vez de nos dar uma flor nos dá uma armadura. Em vez de colo nos dá ratoeiras. A vida lá sabe porque para uns é tudo tão fácil e para outros é preciso estar continuamente a cair e a levantar-se.

Hoje, sinto que estou ligeiramente diferente. Perdi algum brilho no olhar, alguma capacidade de sorrir e gargalhar, alguma crença nas pessoas e confiança no destino. O destino somos nós que o fazemos, com as nossas escolhas. Por outro lado, estou convencida que tenho que sozinha, dependendo só de mim construir e buscar aquilo que mais quero, mas comigo sempre no topo da lista, no topo da pirâmide.

Todos nós merecemos melhor. Todos nós, ou pelo menos a maioria de nós, merecemos ser felizes. Merecemos usufruir de um estado e de uma vivência que é única. Já vivi 40 anos. Apenas me restam, nas melhores das hipóteses mais 40 ou 50 anos.

Espero que as lições que a vida me fez o favor de me dar e constantemente relembrar me sirvam nestes próximos 40 anos. Sou boa pessoa, bem formada, esforçada, linda por fora e por dentro como tantos amigos me dizem. Excelente amiga. Quando sou determinada batalho até aos meus limites. Quando gosto dou o que tenho e o que não tenho. Faço o que posso para ver feliz quem esta ao meu redor. Sou até contagiante, pelo que dizem.


E julgo que neste processo todo de dar e tentar fazer os outros felizes, me tenho esquecido de mim. E mais uma vez aprendi que se não for eu a ir à luta por mim, ninguém o fará. E possivelmente só quando eu me colocar em 1º lugar em tudo na vida, conseguirei atingir e alcançar aquilo que sempre quis. 


Apenas ser Feliz! 

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Férias ...

... aquilo porque espero e aguardo o ano inteiro, não só para recarregar baterias mas para usufruir de um variado número de coisas que as férias têm o condão de me oferecer: liberdade; tempo; brincadeiras; namoros; abraços; carinhos; amonas; mergulhos; noites quentes; dias escaldantes; areia nos pés e o prazer de sentir a água salgada entrar por cada um dos poros da minha pele.

Por estas razões e mais algumas deveria estar aos pulos de contentamento. A verdade é que não estou. Estes últimos dias desta semana foram dos piores que tenho tido nos últimos anos. 

A tristeza instalou-se em mim como se tivesse uma corda ao pescoço. a respiração faz-se por picos: ou não consigo respirar ou hiperventilo! Tenho uma angustia crescente, que me tem acompanhado desde o 1º segundo da manhã ao último segundo da noite. Inclui o período de sono.

A verdade é que ninguém é obrigado a amar ninguém, nem fazer parte de vidas que não se quer e que se acha ou sente que não são nossas. Ninguém é de ninguém. A verdade pura e dura é essa. 

Confesso que me canso de amar desta maneira desmedida, verdadeira e límpida, desajeitada até...   confesso que dou tudo o que tenho e posso. Confesso que sei que dou demais. Dou até o que não podia. 

Depois vem sempre aquele dia, em que levamos com uma frase que desejamos sempre nunca ouvir. Verdades que se ouvem e nos custam a engolir e até a acreditar, que nos doem por dentro e por fora e que, em apenas 1 seg, arrasam com qualquer sonho que criámos e vivemos.

Confesso que adorava, nem que fosse uma vez na vida, ser amada da mesma forma e intensidade, com que Amo quando Amo ... de também por mim irem buscar a lua! 

Ninguém disse que a vida seria fácil ou sequer justa. Confesso que estou cansada de amar para nada! Confesso que estou cansada de ficar sozinha a apanhar tudo o que é pedaço de mim. Que a vida me vai "presenteando" com pedaços cada vez mais pequenos.

Sei que há vidas piores que as minhas. Mas também sei que há vidas bem melhores. Também sei que normalmente as coisas são ao contrário: quanto mais cabra e menos honesta mais se consegue. 

Eu, felizmente, não sou assim. Amo verdadeiramente quando Amo; Dou-me verdadeiramente quando quero dar; faço o impossível se mo pedirem. 

Agora resta-me apenas conformar-me com mais isto. Com a triste certeza que foi a pessoa que mais Amei até hoje. Que seria essa a pessoa com quem quereria estar, todos os dias da minha vida. Na saúde e na doença. Com 40 e com 80 anos. a sorrir e a babar ...

Mas a vida não quis assim! 

E é assim que vou de férias, vazia e triste ... sem sonhos. Desta vez apenas vou. 




PS: acho que também por aqui vou de férias ... quem sabe um dia não volto!