segunda-feira, 29 de abril de 2013

Desabafo ...

... parece mais um, igual a tantos outros, mas não é!
 
Hoje acordei a pensar nisto. No duche as ideias corriam como água. De repente, senti-me assolada por uma data de imagens e de ideias e conceitos estranhos. No fundo, tive a sensação amarga que nada do que andava a fazer batia certo e que tinha de dar uma volta de 180º á minha vida. Senti que tenho de acalmar. Que tenho, pelo menos uma vez na vida, de andar com os pés no chão. 
 
 Sempre me considerei uma sonhadora nata. Aliás, sempre me consideraram uma sonhadora nata! Inconsciente até! Lembro-me da minha família estar continuamente a referir-se às "minhas coisas" como "lá está ela a sonhar"!!!! Lá vai ela "bater com a cabeça mais uma vez"!

Ainda hoje o meu Pai diz que eu "não cresço"...
 
Sempre sonhei muito. Desde que existo me lembro de sonhar. O problema não é só o sonhar! São as expetativas enormes em tudo aquilo em que acredito ou quero acreditar. Quer seja a olhar para o "meu futuro"; quer fosse na escola; quer seja nas amizades; nas cores clubisticas; nos desportos que praticava e pratico; nas (poucas) relações que tive; nos ideais de vida que traçava e que ainda hoje traço. Sonhava e sonho sempre muito. Criava e crio, sempre, expetativas enormes.
 
O facto é que criando e vivendo com níveis de sonho e expetativas tão elevados, as quedas e as "moças" são enormes.
 
Sempre vivi as coisas a 1000. O meu Pai sempre disse que eu não tinha meio termo. Ou é tudo ou não é nada. E começo a olhar para trás e a achar que ele afinal até tinha razão.
 
Vejo sempre as expetativas e os sonhos como objetivos que quero atingir. Como metas importantes para mim. Porque acho que mereço coisas muito boas. Porque acho que a vida nem sempre foi muito generosa comigo e que, por isso, um dia iria sê-lo. E preciso, ou precisava, de acreditar nisto. Intensamente.

É caracterial esta minha forma de viver. Normalmente dou tudo. Dou normalmente aquilo que tenho e o que não tenho. Vou ao céu e roubo a lua se sentir e acreditar que o tenho de fazer.
 
Esta história da Maratona é mais um exemplo disso. Achei que 10 ou 21 Km não eram suficientes. Achei que o meu sonho seriam os 42Km. E que iria consegui-lo. No matter what! Dediquei-me, quase afincadamente, aos planos de treinos. 480 Km a correr desde Dezembro. Muitas horas a correr. O corpo lá me foi dando avisos que, afinal, isto poderia não ser para mim. Primeiro foi a lesão no dedo do pé. 3 semanas parada. A seguir a lesão no joelho. Nesta só parei na última. E mesmo assim ... insisti em ir a Madrid porque, inacreditavelmente, ainda achava que seria capaz. Quando, quase toda a gente à minha volta (I foste das poucas a ser tão sonhadora quanto eu) me dizia que era uma loucura. E mais uma vez provou-se que ... era uma loucura! E isto demonstra a pessoa que sou. Só acreditei que não seria capaz quando, fisicamente, o corpo não deixou. Porque a minha cabecinha e coração continuavam a dizer You Can Do It !
 
Quando há n sinais que me vão demonstrando que não vale a pena insistir em certas coisas, eu acho que lá no fundo não é bem assim. E lá vou insistindo. A achar que "os outros" é que estão errados. E sonho muito e tenho expetativas altas. E depois a frustração é tremenda e fico sem chão! E a sensação que tenho é que vivo sempre neste registo. E que já estou farta de fazê-lo!
 
E quando choro porque aos 3 Km tenho que sair da Maratona, sinto que ninguém percebe isto. Ou se fico tão triste e em baixo, vejo que à minha volta acham que é um disparate. A vida continua! Há outras Maratonas! Há problemas bem piores que esse (há pois há, não tenho a miníma dúvida, eu que que o diga ...)
 
O problema é que ninguém entende que não é só, e apenas só, a Maratona! Não são os 42 Km. Não é um capricho de quem tem agora 40 anos. São as expetativas que criei e que crio em tudo aquilo que faço.  São os objetivos a que me proponho, para não me contentar com aquilo que acho "pouco" para mim. É um desejo infindável de acreditar que eu posso e que consigo ter aquilo a que me dedico e que tanto desejo, de corpo e alma. Ter aquilo que acho que mereço. É a prova que, afinal comigo, os sonhos também se realizam! Não são os 42 Km! É aquilo que esses 42Km representam.
 
E quem fala na Maratona fala em tantas outras coisas. Fala em projetos profissionais; em projetos pessoais; em amizades; em família; em viagens; em relações ... E é aí que está o cerne de tudo isto. Não são os 42Km ... não sou assim tão tolinha que fique angustiada porque não consegui correr 42Km no dia 28 de Abril de 2013. Como se fartaram de me dizer, há mais Maratonas. Pois há. E para mim não há Maratona mais importante que aquela que faço diariamente desde 1971: a minha  vida!

E chego a esta altura e sinto-me cansada de criar e viver sempre com elevadas expetativas. Há coisas na vida que, por muito que eu queira, não são para mim. Por muito que eu lute e sonhe, possivelmente nunca irei chegar lá. Porque realmente aquilo que, de facto, a vida tem para nós cá nos chegará. Por muito que gostemos ou não! e temos de aprender a aceitar e viver com isso!
 
Tenho de aceitar, de forma tranquila, aquilo que me está destinado. Aquilo que, por direito, é ou será meu. E há alturas em que temos de saber desistir de sonhos; de idealismos e de conquistas. Temos de aprender a ser inteligentes e perceber os sinais. Quer estes nos sejam dados pelo corpo; por uma amiga; pelos mais velhos e experientes; pela nossa "razão" ou mesmo pela propria vida!

E tenho de aprender a viver assim. Não sei é se estarei, a esta altura do campeonato, a sonhar também demasiadamente alto ...

A vida mo dirá! Eu só espero saber conseguir ouvir!

1 comentário:

  1. minha linda, o sonho comanda a vida. faz parte da tua essência. o pior são as ilusões, essas não servem para nada. o segredo está em saber distingui-las. estamos cá para te ajudar! e tu para nos ajudares a nós! sabes bem como me ajudas em tantas coisas e tão claro que é tudo na tua cabeça, qd são coisas dos outros. o saber está aí. só falta pôr em prática na tua vida. mas nunca te esqueças que és especial por seres assim, por acreditares sempre sempre tanto em tudo, por teres esperança sempre que as coisas melhorem ou funcionem, és uma lufada de ar fresco no meio de tanto negativismo. acredita em ti e no facto de seres uma pessoa especialíssima. mesmo!
    adoro-te minha linda. estou cá sempre para te ajudar, dar a mão, um empurrão ou puxar-te para trás. assim como tu estás aí para mim.

    beijinho enorme
    Inês

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