sexta-feira, 7 de novembro de 2014

42,195 Km

Ando já há alguns dias para escrever este post. Por cansaço, ainda da corrida e por cansaço de trabalho, ainda não me tinha sido possível fazê-lo. Apesar da alegria e excitex em que ando.

Então foi assim: no domingo passado , dia 02 de Novembro, finalmente fiz a minha 1ª Maratona de Estrada! E adivinhem onde? Cidade do Porto ... engraçado não é?????

Já estava inscrita há algum tempo. Entretanto tinha regredido na minha decisão de fazê-la e mentalmente preparei-me apenas para os 16 Km (corrida que em 2012 já tinha feito e que, caso dos acasos, me tinha corrido muitíssimo bem). Mas entre opiniões, pressões e alguns "picanços" verbais, decidi tentar então os 42,195 Km.

Nervosa que estava, até porque passava-me muita coisa pela cabeça. Primeiro, lido bastante mal com os meus falhanços, quer estes sejam de corrida ou de outras índoles. Não gosto, e vou-me abaixo facilmente. Depois, fico a carpir durante montes de tempo ... Até porque estes falhanços conduzem-me a uma autêntica descredibilidade da minha pessoa, das minhas capacidades e das minhas potencialidades. Por fim, há uma vontade tremenda de sentirmos orgulho por feitos que conseguimos (especialmente sabendo que nem toda a gente os faz) e de fazer com que pessoas especiais e importantes para nós, tenham um enorme orgulho naquilo que atingimos. Preciso que olhem para mim com orgulho pelo que alcanço. Não apenas por aquilo que tento  alcançar. Era muito importante para mim acabar e fazê-la.

O início é sempre difícil. Estava nervosa. Sentia o coração na boca e as pernas tremelicavam tanto que eu achava quase impossível elas conseguirem mexer-se, para correr. E aquela espera, os segundos que antecedem a partida ... meu Deus, dão-me cabo dos nervos!!!!

Depois, veio a partida e lá começámos a correr. Ainda nervosa ... e esta nervoseira cansa-me logo nos primeiros metros. Depois, comecei a rolar e a não me preocupar com muita coisa. Tinha regras que queria cumprir. Queria gerir o meu esforço, para conseguir aguentar, relativamente bem, até aos 30 Km. Quem faz 30 Km tem a Maratona praticamente feita, salvo algumas excepções. e eu não seria uma das excepções!

Os primeiros 10 Km fizeram-se bem, tranquilos, sem me custar quase nada e num tempo muito razoável, para quem ainda tinha 32 Km pela frente. Até aos 20 Km, continuei minimamente confortável, mas a minha cabeça (que de vez em quando atrapalha) começava a temer a barreira dos 20 Km. Fui até aos 25 Km com poucas queixas do corpo, mas ao Km 28 o meu joelho (sim aquele que lesionei a treinar para Madrid) começou a dar o ar de sua graça. Tentei não lhe dar grande importância. Inclusivamente fui falando e gritando com ele, dizendo "tem lá calma, porque vou fazê-la!!!! Ai se vou!!!!"

À medida que os Km passavam, as dores começavam a surgir e a apoderar-se de mim. Começamos a sentir necessidade de ir parando. Alternar entre a corrida e o andar rápido, género marcha. E assim o fiz. Corria até ao limite da dor, depois andava uns metros e retomava a corrida. Era para correr que eu ali estava!

Os Km vão passando devagar, devagarinho ... e o cansaço começa a apoderar-se de nós. Mas a vontade de conseguir ultrapassar a meta, de conseguir este feito de correr uma Maratona é mais forte que tudo o resto. E isto ensina-nos a sermos lutadores, a sermos tolerantes à dor, quer esta seja física e/ou psicológica. 

A metros da meta conseguimos ter uma energia que não sei bem de onde vem. Começamos a ter a certeza que o vamos conseguir. Que superámos muitas coisas para ali chegar e que, apesar de tudo isso, vamos fazê-la! E aí, as emoções, guardadinhas há tanto tempo dentro de mim, começam a soltar-se. Soltam-se de forma descontrolada. Na forma de sorriso e de lágrimas, gordas de emoção,  e de orgulho ouvi as vozes de incentivo dos meus queridos amigos (sempre presentes); retive as mensagens que alguém muito especial me foi enviando ao longo da corrida e que me alimentaram a alma, as pernas e a vontade de prosseguir; lembrei-me da sua voz de incentivo e força. 

E assim terminei. De braços no ar, com lágrimas na cara e um sorriso maior que o Mundo!

E hoje sei que consigo ser mais forte e ir mais longe do que alguma vez pensei. E acredito que basta querer para conseguir. E que, apesar de muitas contrariedades, se sonharmos, se desejarmos muito uma coisa e verdadeiramente acreditarmos, um dia acabamos por conseguir. E esta sensação ninguém nos tira!!!!!

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